Foram inúmeras as experiências dos povos do passado em aproveitar ao
máximo as condições naturais, incorporando-as às suas construções, quando não
havia ainda tecnologia que substituísse satisfatoriamente a luz, a sombra ou o vento.
Isto aconteceu tanto no Oriente como no Ocidente; e, para Ferreira (2009), parte das
inovações tecnológicas européias, ao invés de terem sido inventadas localmente, foi 14
fruto de contatos com outras sociedades. Isto reforça a idéia de que o ambiente
natural interfere igualmente no desenvolvimento das sociedades e vice-versa.
A aplicação construtiva da madeira, argila e pedra; a execução de aberturas
zenitais e torres de vento; o uso de pátios, paredes duplas e superfícies azulejadas:
vários são os exemplos sustentáveis na história do ambiente construído. Estudos de
Ferreira (2009) mostram um panorama a respeito desses exemplares na história
urbano-arquitetônica, tentando explicar como o uso da energia passiva do clima foi
utilizada. Entre esses elementos, aparecem as paredes vazadas, utilizadas em
diversas culturas com o objetivo de obter iluminação e ventilação naturais, além de
outras razões culturais e religiosas.
No caso da arquitetura tradicional árabe, paredes vazadas promoviam a
filtragem da luz para os ambientes, permitindo privacidade dos seus ocupantes com
acesso natural à iluminação e à ventilação. Estas estratégias de vazamento dos
vedos foram usadas no Brasil por meio dos colonizadores portugueses, que as
aplicaram em suas construções por tradição herdada dos árabes que ocuparam a
Península Ibérica durante a Idade Média, especialmente em sua região meridional.
Cidades coloniais como Olinda PE, Salvador BA, Ouro Preto MG e Diamantina MG
apresentam até hoje reminiscências do emprego desses elementos arquitetônicos,
aqui conhecidos como muxarabis ou cobogós (FERREIRA, 2009).
Os elementos vazados funcionam como componentes arquitetônicos que
proporcionam permanente ventilação natural, iluminação natural e proteção solar,
pois filtram a intensa radiação solar, e ainda são de fácil fabricação. Constituem-se
em “componentes arquitetônicos de uso como por ser um tipo de envazadura de
baixo custo e satisfatório desempenho ambiental” (BITTENCOURT, 1995). Os
cobogós são de uso frequente em construções de climas ensolarados e consistem
em solução inteligente como protetor solar. Podem funcionar como filtro do excesso
de luz natural sem barrar a ventilação (BITTENCOURT, 1995).
Partindo da ideia central de que a prática construtiva evolui segundo um
processo de aprimoramento da experiência em direção a um ambiente construído de
qualidade, acredita-se que o estudo do passado é fundamental, mas não por si só,
porém com vias à aplicação e comparação com o presente. Sem o resgate da
memória, a afirmação da identidade e o aperfeiçoamento da tradição, não haveria
progresso na arquitetura e construção civil. São das lições do passado que se 15
aprende o caminho do hoje e se desenha os passos do futuro, os quais precisam
indubitavelmente (re)encontrar a conciliação entre homem e natureza.
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